Resveratrol em foco: o que é, promessas, evidências e precauções

O resveratrol é um composto que, nas últimas décadas, passou a despertar o interesse de cientistas, médicos e do público em geral.

Associado a alimentos comuns na dieta humana e objeto de múltiplos estudos científicos, ele ganhou fama por seu suposto papel na promoção da saúde. Mas, como acontece com muitos temas populares ligados à nutrição e longevidade, há uma diferença importante entre o entusiasmo da mídia e o que a ciência de fato comprova.

Neste artigo, vamos explorar o que realmente se sabe e o que ainda está sendo investigado sobre o resveratrol.

O resveratrol é um composto bioativo produzido naturalmente por algumas plantas. Mais especificamente, é um polifenol, substância que oferece proteção às plantas contra agentes externos.

Presente em diferentes alimentos, seu consumo é altamente estimulado por alguns estudos que ganham amplo espaço na mídia. Seja através dos alimentos em que naturalmente está presente, seja através de suplementação, o aumento do seu consumo gera crescimento significativo nos negócios de quem produz ou revende produtos que o contenham.

Mas ele realmente traz benefícios para nossa saúde?

Vamos entender melhor isso.

O uso do resveratrol é defendido pelos benefícios que ele potencialmente traz à saúde em geral, mais especificamente por auxiliar o sistema cardiovascular.

Duas são suas propriedades que se destacam:

• ser antioxidante;
• agir como vasodilatador;
• trazer efeitos anti-inflamatórios.

Com essas propriedades, a presença do resveratrol na corrente sanguínea em quantidade suficiente protege as células contra radicais livres e outros agentes externos presentes, da mesma forma que atua nas plantas que o produzem.

Logo abaixo entenderemos mais sobre os benefícios do resveratrol para o corpo humano.

O resveratrol é usualmente encontrado em duas formas, distinguindo-se pela sua estrutura: o cis-resveratrol e o trans-resveratrol.

As diferenças entre eles são:

Estudos demonstraram que a associação do trans-resveratrol à piperina, princípio ativo da pimenta-do-reino, aumenta sua disponibilidade.

A ciência ainda busca clareza para conhecer o alcance completo do resveratrol. Existem numerosos estudos científicos, que porém não são definitivos quanto aos efeitos da molécula no organismo humano.

Contudo, é possível afirmar que há predominância nos estudos em reconhecer seus efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios. Diante disso, o sistema cardiovascular é beneficiado em diferentes maneiras:

• circulação: seu efeito anti-inflamatório beneficia o endotélio (parede interna das veias), inclusive contendo a pressão arterial
• redução de radicais livres na corrente sanguínea, nocivos as células e ao seu funcionamento
• aumento do fluxo cerebral (também aqui);
• melhora o metabolismo de indivíduos portadores de síndromes como o diabetes, reduzindo a glicemia e perfil lipídico. Neste caso ainda são estudos preliminares em animais, que já suscitam grande interesse na população acometida pelo diabetes.

Também há uma tendência recente de associar o resveratrol à longevidade. A sua molécula serviria para ativar a proteína sirtuína, aumentando sua presença no organismo e assim retardando o envelhecimento celular. Embora promissor, esta afirmação ainda carece de comprovação científica, não obstante prestigiosos institutos se dedicarem a sua pesquisa.

Por fim, como contraindicação, a suplementação de resveratrol pode causar dificuldades gastrointestinais em algumas pessoas, incluindo náusea, vômito e diarreia.

Antes de iniciar a consumir suplemento de resveratrol é fundamental consultar seu médico, que poderá prescrever a dosagem correta e evitar que indivíduos em risco o façam.

Como já vimos brevemente acima, alguns alimentos oferecem trans-resveratrol, com maior biodisponibilidade. Vejamos alguns deles:

Destacamos que o extrato citado é obtido da raiz da planta Fallopia japonica, encontrada na Ásia. Ele é a matéria-prima usada para a fabricação dos suplementos encontrados em farmácias e lojas especializadas.

Por fim, é preciso ressaltar que o consumo de vinho de tinto, hoje popularmente reconhecido como saudável à saúde cardiovascular, é, na verdade, nocivo. Em que pese ter quantidade significativa de resveratrol, os efeitos do álcool tem outras consequências indesejadas que não permitem afirmar que seu consumo seja benéfico.

Ainda que abstraído o tema dos efeitos do álcool, a dosagem necessária para que faça efeito é tão alta que não é algo possível do ponto de vista prático. E, claro, traria consigo nefastos efeitos em função do álcool.

Assim, em que pese o consumo dos alimentos com resveratrol ser em regra algo saudável e recomendável, seus efeitos são mensuráveis apenas quando há suplementação. E isso nem sempre pode ser algo desejável.

Acima adicionamos alguns links de estudos sobre o resveratrol. Agora, listamos eles com uma breve descrição para que você possa aprofundar o tema, caso deseje.

• impacto da suplementação de resveratrol na ativação da sirtuína em seres humanos de 2025.
• revisão de 200 estudos clínicos tendo o resveratrol como objeto de 2024.
• saúde vascular e os efeitos do resveratrol de 2024.
• resveratrol e pinostibileno reproduzindo os efeitos da restrição calórica na ativação das sirtuínas SIRT1 e SIRT6.